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BRS: cinco falácias do sistema adotado pela prefeitura em algumas vias do Rio

O Bus Rapid System, nome pomposo para as boas e velhas faixas seletivas nas nossas vias urbanas, tem sido muito louvado na mídia e na propaganda oficial da prefeitura, que é veiculada pela entidade representativa dos empresários de ônibus, a Fetranspor. O que é do agrado da Fetranspor não pode ser do agrado do usuário. Senão, vejamos:

1. Mais comodidade aos usuários – Em todos os corredores onde o BRS já foi implantado, houve redução do número de pontos por linha. Isso significa que, se antes você andava alguns poucos metros para pegar sua condução, essa distância pode ter até dobrado por causa dessa “reorganização”. Andar mais, por mais tempo é cômodo para os usuários de transporte? Só falta dizer que é bom para a saúde! Além do mais, com a diminuição no número de pontos por linha, a quantidade de passageiros por ponto de ônibus, principalmente nos horários de pico, chegou a dobrar. Some-se a isso a redução da frota em diversas linhas e vemos um verdadeiro caos na hora do trabalhador voltar pra casa. Pontos lotados, ônibus superdisputados e a “lei do mais forte” acaba prevalecendo. Isso é comodidade?

2. Aumenta a eficiência do sistema – É claro que com linhas mais “enxutas”, parando menos, com menos carros rodando, fica mais fácil para a empresa coordenar suas operações e regular os horários dos ônibus. Mas a quem interessa essa eficiência? Se ela redunda nos problemas já mencionados e vários outros, quem tem a comemorar com esse sistema?

3. Melhora a fluidez do tráfego – Na Zona Sul, há quem diga que o BRS salvou o tráfego local, melhorando a fluidez e diminuindo o tempo de travessia dos carros pelos principais corredores. Mas veja só: se esta área da cidade já registrava excesso de ônibus em circulação, a simples “racionalização” das linhas já seria suficiente para isso. Essa racionalização ganha o seu conteúdo de marketing com a logomarca do BRS. Já no Centro da Cidade, que a demanda é muito maior e a rede viária não é tão retilínea como a da Zona Sul, os gargalos viraram um verdadeiro pesadelo tanto para pedestres, quanto para motoristas e passageiros do sistema de transporte.

4. Diminui o tempo de viagem – Os dados apresentados foram mensurados pelos próprios operadores. Ainda que consideremos dignos de confiança, esse dados se referem ao tempo de viagem dos veículos; não se referem ao tempo médio de viagem dos passageiros. O que isso significa? O tempo de locomoção até o ponto de ônibus aumentou, o tempo de espera no ponto aumentou, os congestionamentos na maior parte das vias estruturais da cidade aumentou. Então como pode o tempo médio de viagem ter diminuído? Esse dado só pode estar relacionado ao tempo médio de viagem dos veículos, o que está longe de ser considerado um parâmetro justo de medida do conforto para os passageiros!

5. Barateia a tarifa – Essa, de tão falaciosa, parou até de ser usada pelo discurso oficial. Além de termos um dos ônibus mais caros do Brasil, estamos pagando diversos subsídios para os mesmos empresários de sempre continuarem prestando os mesmos péssimos serviços de sempre. Primeiro, a prefeitura fez aprovar na Câmara Municipal uma redução de impostos para as empresas que significou milhões de reais a menos nos seus custos, ao mesmo tempo em que concedeu um aumento de mais de 10% na tarifa, em uma só tacada. Depois, junto com a lei da meia passagem para estudantes universitários, a prefeitura aprovou um subsídio direto, dinheiro público que será repassado aos empresários como forma de “compensar” pelas meias passagens.

Ou seja, aos empresários, tudo; para a população, o BRS.

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9 Responses to BRS: cinco falácias do sistema adotado pela prefeitura em algumas vias do Rio

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