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Píer em Y e outros absurdos: o rolo compressor das autoridades

O projeto do píer em Y, na Zona Portuária e a decisão de demolir equipamentos esportivos só corroboram o desdém das autoridades públicas com o veredicto de especialistas, com o dinheiro público e com os movimentos organizados da sociedade civil. O projeto executivo apresentado pelo consórcio que implementará o píer não sofreu nenhum tipo de contestação, por parte da prefeitura ou da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp), durante o processo de licitação da obra. Será que mesmo com o parecer contrário de urbanistas e contrariando a logística portuária (que prevê o estacionamento paralelo de navios no Cais do Porto), o prefeito permitirá a construção do píer que foi rotulado de “estrupício”? Qual é, afinal, o poder de intervenção da Cdurp no planejamento da reurbanização do Porto?

As críticas vêm até de autoridades como a secretária municipal de Cultura, Ana Maria Rattes e o presidente do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cutural, Washington Fajardo. Professor de Arquitetura da PUC, Pedro Rivera, em matéria publicada no jornal O Globo”, cobrou “responsabilidade urbana” da prefeitura. Para ele, deve haver articulação de instituições que atuam na mesma área para evitar “estrupícios como esse pier em Y”.

Até aqui, tanto prefeitura como governo do estado mostram mão pesada, postura autoritária e total escárnio frente à analise de especialistas e ao clamor da opinião pública.

E exemplos não faltam. A decisão de demolir o Parque Aquático Julio Delamare e a pista de atletismo Célio de Barros, que deixará sem-teto atletas na cidade olímpica, está causando comoção e entrou na pauta do movimento Maraca é Nosso, contra a privatização do Maracanã. No mesmo pacote entram a Escola Municipal Friedenreich e o antigo Museu do Índio. A intenção de reconstruir o Autódromo Nelson Piquet, ao custo de R$ 300 milhões quando a reforma está estimada em R$ 51 milhões é outro caso absurdo.

Algumas brigas já foram perdidas. O Maracanã perdeu sua marquise, os usuários do Metrô terão que se contentar com a Linha 1 estendida até a Barra da Tijuca, que o governo estadual batizou de Linha 4, a despeito do movimento por uma sistema em rede com a adoção do traçado original. Este partia da Estação da Carioca com destino à Estação Gávea, com paradas em Laranjeiras, Dona Marta, Humaitá e Jardim Botânico. Não há dúvida que era um percurso mais útil ao cidadão. Mas a pressa em cumprir os compromissos olímpicos atropela o bom senso e o planejamento da mobilidade urbana.

O tombamento não poupou a arquitetura do Maracanã e também não deve poupar a Marina da Glória. Uma reforma prevista para ser capitaneada por Eike Batista desconsidera que a área foi tombada e declarada non aedificandi em 1968. No entanto, o Iphan ( Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) autorizou o projeto. O pior é que a proposta da EBX sequer resolve o problema de lançamento de esgotos na Praia do Flamengo que ocorre em função de ligações clandestinas nas redes pluviais. Quem cuidaria deste item seria a Cedae, ao custo de R$ 12 milhões. Ou seja, com dinheiro do contribuinte. Mais um absurdo.

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3 Responses to Píer em Y e outros absurdos: o rolo compressor das autoridades

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