A Empresa de Turismo do Município (Riotur) executou, no ano passado, R$ 70 milhões a mais daquilo que estava proposto no plano da prefeitura e autorizado pelo Legislativo. Em agosto de 2012 já são mais de R$ 44 milhões executados para além da previsão inicial.
As maiores discrepâncias podem ser verificadas na ação “Eventos Especiais e Empreendimentos Turísticos”. Em agosto de 2012, o valor empenhado nesta ação já excede 546,09% o montante previsto em lei orçamentária (em maio, no quinto mês do ano, o valor já superava o empenhado do ano inteiro de 2010). A prefeitura vem excedendo a cada ano, em média, 827% com a consecução desses projetos. Dos R$ 70 milhões a mais executados pela Riotur em 2011, R$ 54 milhões (77%) eram referentes aos “Eventos Especiais”.
Mas o que são os “Eventos Especiais”? Nesta ação, por exemplo, para além da realização do Carnaval e do Reveillon, estão constituídas as polêmicas despesas com o show de Natal do Roberto Carlos em 2010 (R$ 6,5 milhões), com os eventos privados do projeto Bailes do Rio, de 2010 – R$2,2 milhões questionados pelo MP – e com os shows privativos do cantor Paul McCartney (R$ 2 milhões) em 2011.
“Outro gasto estapafúrdio se refere ao “apoio” de R$15 milhões do prefeito – e outros R$ 15 milhões do governo do estado – ao evento fechado de sorteio das chapas da Copa 2014 da FIFA, com realização pela GeoEventos. A festa de algumas poucas horas de duração consumiu cerca de 25% do todo executado com a ação em 2011.
Especialista em angariar verbas públicas, a GeoEventos, empresa das Organizações Globo, instituída em 2010, já consumiu R$25,9 milhões do município em menos de vinte quatro meses de existência. Nesta despesa está incluída a participação da prefeitura em duas edições de campeonato de surf (R$ 4 milhões cada) e em festival musical evangélico, Festival Promessas (R$2,9 milhões), realizado em dezembro de 2011 e constante na programação de fim de ano da emissora de televisão da organização. ”
Para falar dos projetos propriamente geridos pela Riotur, o Viradão Carioca (idealizado pela Secretaria de Cultura e inspirado na Virada Cultural de São Paulo), ao nosso ver, tem servido mais de instrumento de propaganda de sua atual parceira, a Rede Globo, do que se consolidado como um grande evento de diversidade cultural ou de alavancagem do turismo do Rio.
Se em seus primeiros anos, foram promovidas cerca de 400 atrações e atividades e contava com os tradicionais espaços culturais da cidade e os artistas populares cariocas em sua programação, na última edição as atrações se resumiram a aproximadamente 50 eventos realizados em três palcos. O custo reduziu com a diminuição do quantitativo ou a partir da parceria com a rede de TV? Não. Em todos os anos foram executados cerca de R$ 3 milhões com a realização do evento.
Parece que há muito ainda o que se pensar ( e planejar) no que tange uma Política de Turismo para o Rio de Janeiro e a alocação adequada e criteriosa de recursos duramente economizados pelos cariocas para que não sirva apenas ao marketing político e ao trabalho de relações públicas do prefeito. Afinal, recursos para Propaganda, Publicidade e Assessoria de Imprensa é que não faltaram neste governo que tem fim em 2012.
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