Uma estrada estreita que corta um território desabitado. De um lado o mar, do outro apenas vegetação litorânea. Este é o registro da foto de 1956 que mostra a Avenida Lúcio Costa (antiga Avenida Sernambetiba), na Barra da Tijuca. Ao fundo, as montanhas e a serra que leva à região das Vargens. Esta localidade sofre hoje uma especulação tão ou mais feroz que a imposta a Barra da Tijuca.
A extensa região que inclui Recreio, Camorim, Vargem Grande e Vargem Pequena foi uma herança territorial outorgada por Estácio de Sá à família de seu sobrinho, Salvador Correia de Sá, governador do Rio no século XVI. Atravessou gerações e acabou nas mãos do monges Beneditos, no século XVII, como doação. De tradição rural, a região observa, desde 2008, um crescimento ainda mais vertiginoso que o ocorrido na Barra da Tijuca partir da década de 70, que se estendeu por cerca de trinta anos .
Arruinados e perseguidos, no século XX, os Beneditinos venderam suas terras e a região foi repartida entre poucos proprietários, entre eles empreiteiras. O censo evidencia o processo de fragmentação e ocupação da região: em 2010, viviam 43.259 pessoas na região das Vargens. Na Barra, a população era de 135.924 moradores.
O futuro das Vargens ainda não está totalmente selado. Que as autoridades não permitam a transformação da área em “uma cidade de torres sem a vitalidade das ruas”, como definiu o arquiteto e doutor em Geografia, Leonardo Name, professor da PUC Rio.
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