Na última sexta-feira (05/12), Eliomar participou da missão de parlamentares e ativistas de Direitos Humanos e da área de Saúde na área mais diretamente atingida pela TKCSA. A missão se encontrou nas imediações do Hospital Pedro II e se dirigiu à área vizinha à usina siderúrgica de Santa Cruz, onde foram visitados o Centro Municipal de Saúde Dr. Cattapreta (que também é sede de um posto do Programa de Saúde da Família), no Conjunto São Fernando. Também foi visitado o Posto de Saúde Professor Ernani Paiva Ferreira Braga, no Conjunto Liberdade. Os dois postos estão na região atingida pela temível “chuva de prata” causada pelas nocivas emissões de poluentes da siderúrgica alemã. Ao final da missão, foi realizado um almoço de confraternização e debate com os moradores atingidos no ECOMUSEU de Santa Cruz.
Ao longo da expedição, nosso mandato pôde constatar as péssimas condições em que se encontram os Canais Liberdade, São Fernando e São Francisco/Guandu que passam ao longo e até dentro do terreno da empresa e cuja manutenção e recuperação ambiental foi prometida pela companhia no afã de conseguir seus incentivos fiscais e outras benesses do poder público. Os canais encontram-se repletos de gigoga (espécie de planta indicadora biológica de degradação ambiental) e suas faixas marginais de proteção estão recobertas por matagais e depósitos de lixo. A água turva de outrora, quando se torna visível, mostra a escuridão de quem vem sofrendo com dejetos industriais de todo tipo, o que certamente não vem contando com qualquer acompanhamento das autoridades de meio ambiente do Estado ou do Município.
Na conversa com moradores e profissionais, fica evidente o descaso. Até hoje muitas famílias se utilizam da água dos rios e lençóis freáticos, sem qualquer controle de qualidade da água. Esse foi apontado como um dos fatores mais evidentes de ameaça à saúde na região conhecida como Chatuba e outras áreas próximas aos principais canais. Doenças de pele associadas à péssima qualidade da água (parasitas, protozoários, micoses) são relatadas em grande número. A coleta de lixo regular se restringe à avenida João XXIII e parte dos conjuntos já urbanizados. Além disso, e da falta de uma política mais humanizada de controle de resíduos, os canais acabam recebendo grande quantidade de rejeitos residenciais.
Como já era esperado, nada foi feito por parte dos órgãos ambientais. A intensificação da ocupação no entorno da usina levou ao aumento do tráfego de veículos pesados (ônibus, caminhões), o que, além do barulho e de mais poluição, aumenta a trepidação e, diante do solo extremamente frágil, causa problemas no asfaltamento das vias interiores aos principais conjuntos e nas vias que margeiam rios e canais. É bastante comum o desmoronamento de margens e abertura de enormes crateras nessas vias, dificultando o ir e vir nas diversas localidades.
Nas unidades de saúde visitadas, apesar dos limites e constrangimentos a que os profissionais são submetidos pela empresa e pela secretaria de saúde, fica nítido que a morbidade na região aumentou; os casos de irritação de pele e olhos se multiplicaram e se agravaram, além da explosão dos casos de câncer, particularmente, nos últimos dois anos.
Não conseguimos qualquer confirmação sobre a existência da unidade sentinela, uma das mais importantes condicionantes ambientais da TKCSA, uma vez que trata-se de unidade especializada que cumpriria um papel estratégico no monitoramento dos impactos das indústrias ali instaladas sobre a saúde da população. Causou-nos estarrecimento, também, que não há qualquer tipo de formação ou treinamento específico para os profissionais de saúde da região, que lhes permitam um olhar mais atento a doenças e males que sejam diretamente ligados aos poluentes a que aquela população é exposta.
Não há, igualmente, qualquer tipo de treinamento ou preparação para o caso de algum acidente de grandes proporções ou emergências ligadas a problemas na usina siderúrgica. Sem dúvida, trata-se de uma situação alarmante e que nos impõe a tomada de medidas drásticas e urgentes contra essa empresa e contra as autoridades que lhe dão guarida no Município e no Estado.
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