A um mês da divulgação do nome da sede dos jogos olímpicos, resolvi desenterrar um assunto que, infelizmente, parece já sacramentado. O Parque Aquático Júlio Delamare e a pista de atletismo Célio de Barros serão demolidos simplesmente para atender às demandas internacionais da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016. No lugar surgirá um…estacionamento e um museu.

E que importa se houve um gasto de R$ 10 milhões na reforma dos dois equipamentos para os jogos do Pan? Que importa se dinheiro público é jogado fora? “Essa necessidade de uma maior acomodação, principalmente nas cerimônias de abertura e encerramento de grandes eventos foi notada durante os jogos Pan-Americanos”, justificou, com frieza e pragmatismo, Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, quando anunciou a morte dos estádios.

Entre os atletas, muitos duvidam da promessa do COB de construção de dois estádios idênticos próximos a Quinta da Boa Vista. Difícil mesmo é crer na implosão do Júlio Delamare, um dos maiores parques aquáticos da América Latina que ficou impecável depois da reforma. Inaugurado em 1978, ocupa uma área de 18.515 metros quadrados e sedia eventos de natação, pólo aquático, nado sincronizado e saltos ornamentais.

Mas se as piscinas e as pistas de atletismo, tinindo de novas, atrapalham os planos da FIFA, da CBF, e do COB, vamos jogar tudo fora!

Construções de novos estádios nem sempre resultam em sucesso. Basta citar o elefante branco em que se transformou o “Ninho do Pássaro” em Pequim e, bem mais perto, o Parque Aquático Maria Lenk. Os estádios que serão demolidos são a única opção de espaço público para a prática do desporto e para a iniciação em esportes olímpicos. Será que continuarão, de fato, “vivos” em outro local?

Triste é pensar que junto aqui minha voz ao coro dos revoltados, dos estupefatos, inconformados e, não demora muito, o Maracanã possuirá… um grande estacionamento.