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Madeira de lei que cupim não rói

Sete vezes vereador e duas, deputado estadual. Tenho orgulho de tudo que fiz na política, colocando meus mandatos à disposição do seguinte tripé: Escuta e presença na sociedade com incentivo aos movimentos sociais. Participação ativa, ética e combativa no parlamento e na política institucional. Construção e fortalecimento partidário.

Foram 17 anos construindo o Partido Socialismo e Liberdade, praticamente desde a fundação. Um partido com discussões acaloradas em cima de ideias, ideais e pautas por vezes escanteadas do debate político.

Todos os meus mandatos no PSOL foram a serviço do partido, ajudando nas tarefas, cumprindo resoluções, apoiando as candidaturas mesmo com possíveis discordâncias pontuais. Nunca fiz parte de correntes. Acho que poucos mandatos contribuíram tanto para o fortalecimento partidário, como um todo, quanto o meu.

Porém, de uns anos pra cá, dado o fortalecimento da direita extremista no Brasil, venho defendendo uma frente mais ampla, para evitar o mal ainda pior. Vivi os piores tempos da Ditadura. Sei como é a polícia chegar no seu apartamento, levar um companheiro e ele nunca mais aparecer. Não quero nada perto disso novamente!

Entendo que o PSOL segue necessário, mas também tenho uma discordância de parte significativa que segue presa a uma lógica de disputas internas sem fim que atrapalham a busca por uma unidade maior da esquerda.

Depois de muito refletir, conversar com a equipe, parceiros políticos e acompanhar esse novo realinhamento de forças progressistas em todo o Brasil, tomei a decisão de me filiar ao Partido Socialista Brasileiro, o PSB. Um partido que, por ser grande, tem também suas contradições nacionais.

Mas tem o simbolismo de Arraes e Ariano Suassuna, dois conterrâneos nordestinos cujas histórias de vida muito me emocionam, Lídice da Mata, Janete e a família Capiberibe, e de novos quadros como Flávio Dino e Marcelo Freixo, que ajudaram a fortalecer o PSB e dar base ainda maior para apoiar Lula.

Esse meu movimento tem a ver também com os rumos tomados por Freixo e sua disposição de ser o porta-voz de um projeto para reconstruir o Estado do Rio e derrotar aqui, em seu seio, o bolsonarismo e seu filhote Cláudio Castro.

Eu e Freixo sempre fomos parceiros de primeira hora no PSOL. Natural que sigamos juntos e com a felicidade de ter também como novos correligionários meus amigos Presidente Alessandro Molon, Carlos Minc e Waldeck Carneiro. Com os dois últimos, formarei uma nova bancada na Alerj, mantendo os princípios e compromissos com os quais me elegi.

Deixo meu “xêro” muito fraterno e afetuoso aos militantes, dirigentes e parlamentares do PSOL, principalmente da atual bancada, com quem manterei a mesma relação de respeito e admiração.

Quero deixar claro que não pretendo disputar as próximas eleições. Mesmo ainda dando tudo que posso no legislativo — e quem me acompanha sabe que eu sigo presente e atuante —, acredito que temos que abrir espaço para novas gerações. Esse é meu compromisso e objetivo.

Isso não quer dizer que vou sair da política. Aos 80 anos e até onde a vida permitir, seguirei sendo um agente político em busca das transformações sociais.

Como diz um dos quase hinos do PSB, do grande Capiba: “Eu sou madeira de lei que cupim não rói”!

Eliomar Coelho

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