Trata-se de uma via de 12,7Km de extensão, ligando o bairro de Deodoro à Barra da Tijuca, ao custo, em valores iniciais, de R$2,27 bilhões. Se pensarmos que a Transoeste foi orçada inicialmente em R$ 700 milhões e já chega perto de R$ 1,3 bilhões atualmente, e tem uma proporção equivalente de túneis, elevados e pontes, pode-se aferir a quanto chegará a conta final…
Além disso, o formato que está sendo pensado para o financiamento da obra é o pior possível: trata-se de uma grande intervenção, de questionável contribuição para a solução dos gargalos de transporte público na cidade, que será totalmente construído com verbas públicas e, após sua conclusão, o consórcio vencedor levará de bandeja uma concessão de 35 anos para explorar uma praça de pedágio com preço inicial igual ao da Linha Amarela. Eis a chamada “concessão subsidiada”. Segundo a própria prefeitura, o projeto financeiro ainda não está totalmente pronto, mas, tendo apenas quatro anos para entregar a obra, já está previsto o início para 1º trimestre de 2012.
O BRT (Bus Rapid Transit) tem sido considerado, pela prefeitura, um modo transporte de alta capacidade – fato que nos leva à conclusão de que estão soterradas as possibilidades de termos um adensamento das redes de transportes públicos sobre trilhos. Há que se procurar na literatura especializada quem ateste que um sistema de ônibus, por mais eficiente que seja, possa se comparar, a longo prazo, com sistemas integrados de metrô, trens e outros modais reconhecidamente de alta capacidade.
Apesar de não estar atrelada a nenhum grande processo de planejamento do nosso sistema de transportes, a Transolímpica prevê o atendimento a uma demada de 90 mil veículos/dia e um ponto de saturação apenas em 2034. Se pegarmos o exemplo das linhas vermelha e amarela, que saturaram em menos de 10 anos, perceberemos logo que não deve se tratar de uma avaliação muito acurada. Até agora, o único “documento” que indica a necessidade desta obra é o famigerado “Caderno de Encargos” da cidade compromissado junto ao COI por conta da realização dos Jogos de 2016. Aquele mesmo, que é igual a cabeça de bacalhau, nunca ninguém viu, mas todo mundo sabe que existe.
Mas o mais estarrecedor, como nas suas trans-congêneres, é a questão das desapropriações e remoções. Segundo a própria prefeitura, estima-se em R$390 milhões os gastos em desapropriação nas áreas formais. Entretanto, a criminosa postura do Poder Público perante comunidades formais e informais, deve se sofisticar: já se fala em “flexibilizar” o processo de desapropriações e remoções das pessoas que moram nas áreas de interesse da construção. Isso significa que, a despeito das normas e regras vigentes para essas circunstâncias, que já não eram obedecidas pelo Poder Público, será transferido diretamente para os construtores tal tarefa. Quaisquer desapropriações ou processos de remoção de comunidades será resultante de uma negociação direta entre empreiteiras e as famílias diretamente atingidas. Ou seja, aquilo que já apuramos enquanto denúncia gravíssima ocorrida na construção da Transcarioca e da Transoeste, será definitivamente institucionalizado no caso da Transolímpica.
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