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A feira e o chorinho da Praça General Glicério não podem acabar

A tradicional feira cultural da General Glicério, em Laranjeiras, com artesanato e roda de choro, vem sofrendo ameaças da prefeitura do Rio. Não é a primeira vez que o poder público tenta acabar com o democrático espaço de encontro e de celebração da cultura carioca. Desde 2000, quando o grupo “Choro na Feira” se formou na praça e brindou os moradores com boa música nas manhãs de sábado, o local deixou de ser apenas uma feira livre para se tornar um pólo cultural, que atrai cariocas de toda parte, além dos turistas.

No mês passado, os feirantes receberam uma notificação assinada pela secretaria de Ordem Pública – SEOP. O documento proibia a montagem das barracas. Quem não cumprisse a determinação da secretaria estaria sujeito a ter mercadorias e equipamentos apreendidos. Informações cruzadas e incertezas deixaram os feirantes apreensivos e sem esclarecimentos. Reportagens veiculadas na imprensa anunciavam o fim da roda de choro e da feira enquanto notas, também publicadas na mídia, afirmavam que apenas seria proibida a amplificação e a venda de bebidas. Isso demonstra o total descaso e desconhecimento do prefeito e do secretário de Ordem Pública, Alex Costa, sobre o local. A amplificação do som – na verdade apenas algumas pequenas caixas ligadas a instrumentos como cavaquinho e violão – nunca incomodou os moradores e frequentadores do local. Já a proibição da venda de bebidas não faz nenhum sentido. Comerciantes, como Luizinho dos Drinks, viraram símbolos da feira e têm clientela cativa.

Logo que soube da movimentação da prefeitura, o mandato entrou em contato com o secretário de Ordem Pública. Porém, não foi atendido e não obteve sequer retorno. Este fato demonstra a falta de comprometimento e de diálogo das autoridades municipais. Esta atitude tem sido habitual: o prefeito age sem dar explicações com a intenção de promover o projeto de uma cidade em que uma suposta “ordem” impera e a rua deixa de ser ocupada pelo povo.

A prefeitura, nesses mais de dez anos de cultura na praça, nunca se preocupou em ajudar, por exemplo, na organização do trânsito e na colocação de banheiros químicos para frequentadores e comerciantes.

Nosso mandato está empenhado na defesa de manifestações culturais que são importantes para a cidade, como o chorinho e a feira da Praça General Glicério. Se alguma coisa pode ser melhorada, que seja com diálogo e respeito à tradição do local, aos comerciantes e ao grupo de músicos que utiliza a praça para tocar de graça, e por puro prazer, e divulgar o choro – gênero musical genuinamente carioca, tão pouco valorizado pelo poder público.

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