A promessa era para meados de 2010. Mas a prefeitura do Rio não fixou prazo preciso para a implantação do bilhete único. Tenta encontrar uma fórmula de viabilizar o benefício sem utilizar verbas do município para subsidiar as empresas de ônibus e para isso contratou a Companhia Brasileira de Soluções e Serviços (CBSS) através de um convênio de R$ 4 milhões.
A pergunta que se antecipa é como será o planejamento do bilhete único. A julgar pelas críticas ao funcionamento deste sistema nas linhas estaduais, será que o benefício atenderá aos passageiros de ônibus da capital?
Enquanto a tarifa em São Paulo custa R$ 2,30 e cobre até quatro viagens em três horas, o bilhete único que entrou em vigor em fevereiro custa R$ 4,40, cobre somente dois modais e tem validade de apenas duas horas.
A grita dos usuários é grande. Como garantir, por exemplo, que um passageiro conseguirá fazer a baldeação dentro deste período estipulado se, por exemplo, sai de Campo Grande com destino a São Gonçalo? Ou se sai de Santa Cruz da Serra com destino ao Leblon? Muitas empresas adotaram o sistema e não querem saber se, na prática, o empregado consegue utilizá-lo.
Não houve estudo sobre o impacto do novo serviço, não há explicações sobre o porquê da tarifa carioca ser tão mais cara, sobre o porquê de cobrir apenas dois modais quando se sabe que muitos passageiros usam trem, metrô e ônibus na viagem diária da casa ao trabalho e vice-versa.
A impressão que fica é o que o governo estadual quis cumprir a promessa eleitoral antes do fim do mandato e evitou bater de frente com os empresários do setor de transportes e seus interesses econômicos. As emendas apresentadas com a tentativa de corrigir as incongruências da proposta do governo foram rejeitadas na votação em ritmo relâmpago que ocorreu na Assembléia Legislativa.
Senhor Prefeito, Senhores Vereadores, os mesmos erros não podem ser cometidos na esfera municipal. Licitação já para todas as linhas de ônibus! Controle público já para as planilhas de custo e o sistema de remuneração das empresas!