As manifestações que aconteceram este ano nos dão esperanças de que algo vai mudar. Milhares de pessoas expuseram sua indignação em relação à administração municipal e à ausência de políticas públicas. Sabemos que estas mobilizações não vão desaparecer em 2014. Não vai mudar da noite para o dia; não vai mudar da água para o vinho. Mas que vai mudar, vai.
2013 já se tornou o ano das “jornadas de junho”. Para nós, foi o ano em que a população voltou a ocupar, de forma atuante, as galerias do plenário especialmente acompanhando as sessões da CPI dos Ônibus e a votação do Plano de Cargos e Salários dos professores da rede municipal. O resultado foram duas ocupações inéditas que fizeram história no Legislativo.
Ativistas ocuparam o plenário por 12 dias para protestar contra uma CPI dos Ônibus ilegítima, constituída apenas por vereadores do bloco do governo, e pedir a posse de Eliomar na presidência da comissão, uma vez que foi nosso mandato quem requereu a CPI. O trabalho está suspenso pela Justiça que analisa se houve desrespeito ao direito de proporcionalidade que garante lugar à minoria da Câmara na CPI. Do lado de fora, o movimento Ocupa Câmara Rio se estendeu por mais de dois meses na praça.
A votação do Plano de Cargos e Salários dos professores, que não foi negociado com a categoria, levou à ocupação do Legislativo pelos profissionais de ensino. O plano acabou votado a portas fechadas, ao som de bombas e ação violenta de PMs que reprimiram a multidão aglomerada na Cinelândia, impedida de participar. Em um estado de exceção nunca visto no Legislativo, o Palácio Pedro Ernesto foi cercado e isolado pela PM durante as sessões da CPI e da votação do plano. Foi apenas um reflexo da repressão às manifestações que explodiram nas cidades com prisões arbitrárias. O primeiro condenado a cinco anos de prisão foi o morador de rua Rafael Braga Vieira, detido no dia 20 de junho porque carregava uma garrafa de Pinho Sol e outra de cloro. Ele sequer participava do protesto que reuniu 1 milhão de pessoas no Centro do Rio.
A previsão do Mandato Eliomar Coelho é de um 2014 efervescente com turbulências, principalmente se o prefeito e o governador continuarem legislando ao arrepio das leis e privilegiando o setor privado em clara negligência e descaso frente às demandas sociais. Há um descolamento entre a vida cotidiana dos moradores da cidade e a política de espetáculo que a prefeitura veicula na mídia.
Em 2014, a população terá a chance de eleger deputados estaduais e federais, senadores, um novo governador para o Rio e um novo presidente para o Brasil. Podemos antever uma campanha diferente com forte participação dos jovens, o que já aconteceu em 2011, nas eleições de vereadores e prefeito. Parece irreversível, o engajamento de quem mora no Rio – e dos brasileiros em outras cidades – neste momento em que é permitido apostar em mudanças.