Exemplar único de residência multifamiliar do século XIX, as Casas Casadas, em Laranjeiras chamam atenção por sua imponência. Mesmo depois de tombado, em 79, foram precisos quase trinta anos para que o Poder Público encontrasse um fim para o belo conjunto arquitetônico. Há três anos, a notícia da ocupação das casas agradou em cheio a moradores do bairro, cinéfilos e amantes da música. Enfim reformadas, abrigariam a Riofilme ( e todo o seu acervo de filmografia brasileira), duas salas de cinema, uma cinemateca, espaço de pesquisa, café, livraria e palco de shows.
Quando foram inauguradas, tudo parecia promissor, como muitos projetos da Prefeitura que se anunciam muito ambiciosos. Foi uma conquista da Associação de Moradores de Laranjeiras (AMAL) que conseguiu sensibilizar a prefeitura a desapropriar e restaurar a edificação.
No entanto, as Casas Casadas já correm risco de sobrevivência.
No projeto original estava prevista a inauguração de duas salas de cinema que estão prontas. Mas, ainda não existe alvará para funcionamento por conta de uma lentíssima tramitação nos órgãos de proteção do patrimônio público, tanto na esfera estadual quanto na municipal, e também na secretaria de Urbanismo. Tudo isso poderia ter sido agilizado pela prefeitura mas não foi.
A grande âncora das Casas Casadas são as salas de cinema. Falta de vontade política parece a melhor justificativa para a demora na abertura do cinema. O fechamento da Cinemateca da Riofilme só ajudou a esvaziar ainda mais o espaço. O entorno já dá sinais de decadência com jardins mal cuidados e lixo acumulado.
A explicação da Riofilme para o fechamento da cinemateca é o pouco movimento. Mas um local que se presta a ocupar um nicho alternativo – que não tem o apelo das massas – não deve usar critérios númericos para avaliar seu sucesso ou relevância.
Em meio a tudo isso, o Espaço Carioca – uma concessão com bar, livraria e espaço para shows – tornou-se um local de encontro e lazer em Laranjeiras e tem se notabilizado por divulgar a música brasileira em shows memoráveis. Mas só resistirá sobre as próprias pernas como um complemento dentro de um projeto maior cujo o mote sempre será o cinema.
Conscientes e apreensivos em relação que se passa nas Casas Casadas, os moradores já fizeram um abaixo-assinado que pode ser lido e assinado em www.petitiononline.com.
Cabe às autoridades envolvidas não permitir que, depois de tanto investimento, as Casas Casadas voltem a ser um imóvel abandonado. Perderão os moradores de Laranjeiras. Perderá a cidade.
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