Para os usuários, é mais do que evidente que a qualidade do serviço do Metrô só vem despencando nos últimos anos. A promessa de melhoria com a entrada em operação da Linha 1-A Pavuna – Botafogo se mostrou um belo engodo. Ontem, mais uma pane na nova linha só reforça a deficiência do sistema.
Não são raros os casos de passageiros que passam mal com o calor dentro dos trens que andam superlotados no pico do movimento, com até nove pessoas por metro quadrado. A lentidão das composições aumentou, o intervalo é maior do que o prometido, podendo chegar a 7 minutos, quando não deveria ultrapassar quatro minutos e 45 segundos.
Mas o cenário pode ser muito pior, a crônica de uma morte anunciada. A partir de denúncias de especialistas, o Ministério Público aventa riscos de colisão entre composições por conta de sinalização deficiente, feita de forma manual, e por causa de uma inclinação inadequada em um trecho da nova linha. Por isso, o MP já pediu à Justiça a interrupção da operação da nova linha.
Um relatório do engenheiro de transportes Fernando Macdowell serve como base para a ação do MP. Ele realizou vistoria no Metrô e constatou, na Linha 1-A que o trem passa por uma rampa com inclinação de 4%, antes de uma bifurcação, o que pode resultar em acidente.
Quando foi renovado o contrato de concessão à Metrô Rio, foi estabelecido um termo aditivo que determina revisão dos indicadores de desempenho da companhia num prazo de 180 dias. Isso não aconteceu, é claro. Portanto, hoje, a Agetransp, agência reguladora dos transportes públicos no Rio, sequer tem subsídios ou informações para avaliar o serviço do Metroviário e as razões de sua deficiência.
Nunca é demais lembrar que o primeiro erro foi a prorrogação, por parte do governo estadual, por mais 20 anos, da concessão da operação do Metrô ao Consórcio Opportrans, que administra o Metrô Rio. Não houve processo de licitação, contrariando a Lei 8.666/93. Diga-se de passagem, esta ilegalidade foi motivo de denúncia e mobilização.
Fica claro que o assunto é urgente, sério e perigoso. Três batidas na madeira não são a forma mais responsável de impedir situações de risco que possam colocar a segurança e a vida dos usuários em perigo. O usuário quer respeito e, antes de tudo, previdência.
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