O professor de Língua Portuguesa, Marcelo Ferreira de Santana, que dá aulas na Escola Municipal Jornalista Orlando Dantas, na Ilha do Governador, conta sobre episódios de violência que sofreu e fala sobre a falta de segurança nas unidades da rede municipal nesta curta entrevista.
Para você, qual a principal causa da violência no interior das escolas cariocas?
Além das questões sociais, há também a questão da valorização do sistema educacional como um todo. A escola pública deve ser dotada, novamente, de uma infraestrutura que já existiu outrora: como profissionais de todos os segmentos na rede: coordenadores de turno, inspetores, serventes, agentes de portaria, agentes de vigilância até dentistas já atuaram em nossas escolas, agentes administrativos e auxiliares administrativos.
Como o Poder Público pode atuar para garantir condições de segurança a counidade escolar?
O poder público deve, como disse acima, investir de uma forma mais eficaz na educação, não só na infraestrutura física, como também lotando nossas escolas de profissionais que possam garantir, e certamente garantem, o bom funcionamento de todos os setores de uma unidade escolar. Talvez não se possa garantir a total segurança de nossas escolas, sejam elas municipais ou estaduais, mas com certeza diminuiria muito a violência. Sou professor de Língua Portuguesa, lotado na Escola Municipal Jornalista Orlando Dantas, na Ilha do Governador e, infelizmente em minha escola, já tivemos episódios de violência, como a entrada de responsáveis querendo agredir e, lamentavelmente uma vez conseguiu agredir um professor. No ano passado, tivemos, também, um aluno de 6º ano que entrou na escola portando um revólver. Já sofri um assalto a mão armada no estacionamento do CE Dunshee de Abranches, em 2007, ao chegar para trabalhar de carona com um outro professor da mesma escola, que teve seu carro roubado, e não conseguiu recuperar o veículo, além de dinheiro e telefone celular, tanto o dele quanto o meu. Se os profissionais de que falei ainda existissem em nossas escolas, com certeza, qualquer indivíduo pensaria, duas vezes, antes de invadir unidades ou até mesmo levar armas de fogo. Já ouvi também relatos de colegas, lotados em outras escolas aqui na Ilha do Governador, em que os mesmos se queixam das mesmas situações de violência e, às vezes, casos mais graves, como houve em 2006, na Escola Municipal Belmiro Medeiros onde um menor matou outro no momento da troca de professores. A violência que passamos nas escolas já vem de longa data e, aí pergunto: por que as redes municipal e estadual não investem de forma efetiva na segurança de nossas escolas? Por que não retornar, através de concurso público, os cargos de Coordenador de turno, Inspetor de Alunos ou Agente Educador, Servente, Agente de Portaria, Agente de Vigilância, Agente de Administração, Agente Auxiliar de Administração aos quadros das redes municipal e estadual?