“Professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor.
Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação.
E toda vocação nasce de um grande amor,
de uma grande esperança.” (Rubem Alves)
No mês em que se comemora o Dia do Professor, não encontro outra expressão para marcar a data: FRUSTRAÇÃO. Porque nesse momento não há o que comemorar.
Se por um lado a educação é fundamental para o desenvolvimento social e crescimento econômico para qualquer região do planeta, no nosso estado, ao contrário, a precariedade dos recursos dispensados à educação representa um dos principais entraves ao seu desenvolvimento; uma realidade que resulta do descaso histórico a que os professores têm sido relegados. “Uma realidade” que necessita de mudanças urgentes: sem remuneração compatível com a sua importância, sem motivação e com baixa autoestima nossos professores jamais conseguirão reverter o quadro da educação pública fluminense.
A valorização do profissional de educação e os investimentos em educação que aparecem em todos os discursos como “compromisso de campanha” e que, com o governador Pezão, não foi diferente, hoje se representa pelo risível índice de “0%” de aumento para a categoria dos trabalhadores do magistério.
Se voltarmos no tempo, em 1979 (início do governo Chagas Freitas), o piso do professor chegou a valer cinco salários mínimos, e para outras categorias de funcionários da educação, 3,5 salários. E isto não representa um elogio àquele governo. Pois, consideramos investimentos em educação, uma obrigação de todo governante.
Neste momento, alguns dados revelam a negligência do governo estadual com a educação pública:
– Se em setembro de 2014, o investimento realizado pela Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC) foi no valor de R$ 102.323.589,96, no mesmo período de 2015, houve uma diminuição no investimento dessa Secretaria da ordem de R$ 74.556.843,43.
Outro aspecto relevante que demonstra o total descompromisso dos últimos governos estaduais com a escola pública é a política de cortes e contingenciamentos no orçamento da pasta, em torno de 19% nos últimos anos (2011/2014), enquanto para a segurança pública, no mesmo período, houve aumento de 44%.
Não podemos esquecer que o Estado do Rio está entre os maiores arrecadadores do país. E se há dinheiro para as Olimpíadas e para isentar de impostos grandes empresas, também tem que haver para a educação.
Os dados apresentados representam uma total e assustadora inversão de valores:
– Educação negligenciada e professores tratados com violência física e assédio moral. Em contrapartida, a valorização e massificação de uma “Pedagogia do Capital”, da meritocracia, da “racionalidade das competências, dos sistemas centralizados de avaliação e do uso de cartilhas padronizadas repletas de erros”.
Ainda há tempo de rever esta política. Esperamos que na próxima audiência com representantes do SepeRJ, agendada para o dia 4 de novembro, o governador apresente um novo índice de aumento para os profissionais de educação.
Como discípulo e ex-aluno do Professor Paulo Freire, acredito que “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.