Nos últimos anos, o Brasil tem vivido uma conjuntura política nacional bem diferente das que estávamos acostumados, onde as questões sobre economia, segurança, saúde e educação públicas, partidos políticos, corrupção, entre outras, eram hegemônicas e ocupavam quase que exclusivamente os debates na sociedade, na mídia, no Congresso, nos governos e no judiciário.
O Brasil de hoje continua discutindo esses temas. Porém, com certo atraso, mas não menos importantes, questões relacionadas aos Direitos Humanos e minorias, hoje vêm ocupando lugar de destaque nos noticiários nacionais, nas redes sociais, na pequena e grande imprensa.
Mas, lamentavelmente, no nosso país, ainda hoje, constatamos diversas formas de pressões sobre o Congresso Nacional: seja no campo religioso, no político-partidário ou ideológico, com única e triste finalidade de se evitar a aprovação da lei que criminaliza a homofobia.
Parafraseando Frei Beto, “sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos. No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, mulheres, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres”.
No 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países-membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela “despenalização universal da homossexualidade”.
Recentemente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou resolução que obriga os cartórios de todo o Brasil a celebrar o casamento civil e converter a união estável homoafetiva em casamento.
A resolução visa dar efetividade à decisão tomada em maio de 2011 pelo Supremo, que liberou a união estável homoafetiva, dando direitos ampliados aos homossexuais.
Em vários outros países do mundo, entretanto, o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo já foi aprovado há muito tempo.
A última decisão ocorreu na França, berço da Revolução da igualdade, liberdade, e fraternidade. Sendo este o décimo quarto país a reconhecer a união civil igualitária.
Hoje, no Plenário da Câmara de Vereadores, todos nós aqui reunidos estamos fazendo história. E é com orgulho que, em meu nome e dos vereadores Paulo Pinheiro e Renato Cinco, oferecemos o conjunto de Medalhas do Mérito Pedro Ernesto ao Deputado Federal Jean Wyllys.
Jean veio de família muito pobre. Como costuma dizer, vivia naquele lugar que os economistas chamam de “abaixo da linha de pobreza”, o que quer dizer que sobreviviam com bem menos do que um salário mínimo por mês.
Não foram poucas vezes em que ele e os irmãos foram com fome para a escola porque não havia absolutamente nada para comer em casa. A mãe trabalhava como lavadeira e o pai, alcoólatra, vivia desempregado e fazia biscates como mecânico. Ambos eram analfabetos. Para ajudar em casa, aos dez anos, foi vender algodão doce na praça principal de Alagoinhas.
Sempre extremamente dedicado aos estudos e curioso em aprender, foi driblando as adversidades em busca da intelectualidade. Aos 15 anos foi para um internato e só voltava em casa de seis em seis meses. Ingressou e pertenceu aos movimentos da Juventude Estudantil e da Juventude do Meio Popular e atuava nas Comunidades Eclesiais de base – CEBs – da Igreja Católica.
Passou no vestibular, cursou faculdade de jornalismo em Salvador. Começou a trabalhar num dos maiores jornais impressos da cidade, tornou-se professor universitário e concluiu o mestrado em Letras e Linguística. Venceu concurso literário e, como prêmio, teve a edição do seu primeiro livro de ficção: “Aflitos”.
Entrou no BBB, da TV Globo, em 2005, e foi o ganhador do programa. Tornou-se repórter e roteirista do programa Mais Você. Lançou o livro “Ainda Lembro”, em 2005, pela Editora Globo.
Parceiro dos movimentos LGBT, negro e de mulheres, Jean luta contra discriminação do povo de santo, a intolerância e aos fundamentalismos religiosos, o trabalho escravo, a exploração sexual de crianças e adolescentes e violência contra a mulher.
Jean Wyllys foi eleito deputado federal pelo PSOL-RJ para o mandato 2011-2015.
Em 2012, Jean Wyllys recebeu as seguintes homenagens/prêmios:
– Comenda da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, concedida pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) para aqueles e aquelas que tenham contribuído para o engrandecimento do país;
– Prêmio Congresso em Foco: parlamentar mais votado na categoria “Melhor Deputado”, destaque na categoria “Defesa da Democracia” (escolhido pelos internautas), destaque na categoria “Defesa da Segurança Jurídica e da Cidadania” (escolhido pelos internautas);
– Escolhido como um dos “100 Cabeças do Congresso Nacional”, pelo Sindireceita;
– Pela relevância do trabalho que vem desenvolvendo na Câmara dos Deputados em prol dos direitos humanos, Jean Wyllys foi selecionado para representar o Brasil no Programa Visitantes Internacionais, da Embaixada dos EUA, que neste ano tem como tema “Direitos LGBT são Direitos Humanos”.
Como deputado federal, Jean Wyllys participa de várias ações parlamentares, entre elas:
– Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT (Coordenador);
– Comissão de Legislação Participativa (Titular);
– Comissão de Educação e Cultura (Suplente); entre outras.
Pelo exposto, com muita honra, pela importância que desempenha em defesa de todas as minorias e como parlamentar, convido agora os companheiros do PSOL, vereadores Paulo Pinheiro e Renato Cinco, e representando a bancada do PSOL na Câmara dos Deputados, o Dep. Federal Chico Alencar, para entregarmos o conjunto de medalhas do Mérito Pedro Ernesto ao Deputado Federal Jean Wyllys.
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