O alto consumo de crack no Rio de Janeiro já foi varrido das manchetes dos principais jornais. Mas basta um olhar atento ao redor para perceber jovens esquálidos vagando e pedindo esmolas ou se prostituindo, sem pudor, por poucos reais, em busca do suficiente para comprar a pedra maldita. Droga devastadora, segundo especialistas em dependência química, reserva ao usuário uma sobrevida, em média, de pouco mais de dois anos.
Dados da Secretaria Municipal de Assistêcia Social dão conta de mais de mil usuários espalhados pelas cidade. Mais de 90% dos meninos e meninos de rua estão consumindo crack. E isso não é novidade.
Um estudo realizado há um ano atrás pelo Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo já mostrava a vulnerabilidade dos dependentes à infecções de HIV, comprovando a associação entre pobreza, baixo nível de escolaridade e consumo da droga. A falta de acesso à escola e a prostituição fazem parte da rotina desses jovens
A prefeitura vem lançando mão do Choque de Ordem para desmontar redutos de consumo em algumas comunidades. Reunido com representantes dos governos municipal, estadual e federal, e autoridades que atuam junto à criança e ao adolescente, o prefeito decretou 18 medidas para combater o problema. Agora, uma comissão aprofunda um plano de ação.
Tudo será paliativo e “para inglês ver” se não se atacar o cerne da questão apontado pelo estudo da Universidade Federal de São Paulo. A indignação ao ver estes jovens se destruindo com pequenas doses vendidas a R$ 1,00 é a mesma indignação que sinto ao constatar que não há política pública séria e eficiente que promova igualdade social e acesso à educação e à formação deste contigente de pessoas.
Se estes jovens tem uma única certeza é que não têm perspectiva de futuro. E, cabe ao crack sua parte nesta cadeia social: matá-los, de fato, bem cedo.