E tem gente que ainda insiste em dizer que no Brasil só existe preconceito social. O vídeo da turma do Circo Voador não poderia ser mais contundente.
Se tomamos os brancos como referência para estabelecer o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), nosso país ocupa a 44ª posição. Se consideramos os negros, passamos para 105ª no ranking. Exemplos de desigualdade não faltam. Dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) dão conta que, no ensino médio, 58,4% dos estudantes são brancos e 37,4% são negros. A entidade estima que entre os 10% mais pobres, 65% são negros; entre os 10% mais ricos, 86% são brancos.
Segundo o Instituto Ethos, entre as 500 maiores empresas do país que praticam responsabilidade social, apenas 3,5% dos cargos de direção são ocupados por negros. No mercado de trabalho, um homem branco recebe em média 134% a mais do que um homem negro. Entre os brancos 2,8% são analfabetos, enquanto o analfabetismo entre negros chega a 6%. Embora sejam 40,5% da população da nossa cidade, seu percentual sobe para 62% nas favelas.
A prefeitura não tem uma ação afirmativa no tocante a esta questão. Segundo levantamento do Orçamento municipal de 2009, a verba inicial de R$ 192.214,00, destinada ao COMDEDINE (Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro), foi reduzida para R$ 37.977,00.
Foi utilizado somente 10% do montante que seria revertido para “Ações para a Promoção e Comunicação em Saúde”, programa cujo público-alvo é a população negra. Houve também um corte significativo nas verbas para atividades culturais da Fundação José Bonifácio, de R$ 435.010,00 para R$ 280.195,00, sendo que apenas 14% deste valor foi executado. Somente 39% da rubrica do Orçamento referente à promoção da história e cultura afro-brasileira e africana foi executada. E os dois programas foram cortados. Não constam do Orçamento previsto para 2010.
Todas as questões expostas acima serão assunto do debate que realizo amanhã (quarta-feira), a partir das 10h, na abertura da Semana de Consciência Negra, lei de autoria do mandato. Para esquentar a discussão, participam representantes do COMDEDINE, do Conselho Estadual dos Direitos do Negro – CEDINE –, da Fundação Palmares, do Movimento Negro Unificado, do Círculo Palmarino, da UNEGRO, e do Fórum Estadual de Mulheres Negras.
E você? Acredita em igualdade racial no Brasil? Por que não expressa sua opinião respondendo a enquete abaixo? Por que não vem debater conosco?