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Linha 4 do Metrô: mais um embate com representantes do governo

Foi concorrida a segunda audiência pública sobre a Linha 4 do metrô, nesta segunda-feira (27/02). Cerca de 300 pessoas lotaram os dois auditórios da Escola Estadual André Maurois, no Leblon. Diversos parlamentares também participaram, entre eles, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) e os vereadores Eliomar Coelho e Paulo Pinheiro, que formam a bancada do PSOL na Câmara Rio. Os secretário Julio Lopes (transporte) e Régis Fichtner (Casa Civil) representaram o governo Estadual mas pouco se pronunciaram.

Coube ao coordenador de projetos da Fundação Getúlio Vargas, o engenheiro Eduardo Leal de Oliveira a apresentação do estudo de demanda sobre a Linha 4, cujas obras estão avaliadas em 7 bilhões de reais. O estudo de demanda da FGV não está disponibilizado para consulta.

De acordo com o engenheiro, a implantação da “nova linha”, que nada mais é do que o prolongamento da Linha 1, implicará no fechamento de pelo menos duas vias importantes na Zona Sul (por oito meses) e das já ativadas Estações General Osório e Cantagalo. As praças Antero de Quental (Leblon) e Nossa Senhora da Paz (Ipanema), tombadas, serão transformadas em verdadeiros canteiros de obra e pelo menos 113 espécies da flora serão removidas.

Eduardo Leal não soube responder a todas as perguntas e se contradisse quando questionado sobre o destino final dos passageiros. Ainda de acordo com o estudo da FGV, o cálculo estimado para as viagens seria de seis passageiros por metro quadrado. Para o engenheiro de trânsito Fernando MacDowell, esse número só é possível para viagens de no máximo dois minutos. Um percurso mais longo, com esta lotação, causaria transtorno e desconforto físico aos passageiros.

Apesar da Linha 4 cruzar um terreno delicado, o diagnóstico ambiental apresentado por um biólogo não levou em conta a geologia da região, que será escavada.

O promotor do Ministério Público, Carlos Saturnino, questionou a validade do Eia Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental). Se o traçado foi alterado, o governo deveria ter solicitado um estudo atualizado.

– O Eia Rima têm lacunas e ausência de respostas. Não podemos ter uma comparação real, esse estudo parece ter sido feito para cumprir uma etapa, como numa gincana. Para mim, ele é imprestável.

O deputado Marcelo Freixo lembrou que com seis milhões de habitantes, a cidade do Rio de Janeiro tem apenas 42 quilômetros de metrô em duas linhas (veja depoimento).

– São duas linhas sobrepostas e agora querem construir a linha 4 que nada mais é do que um prolongamento da Linha 1 já saturada. Por que o governo insiste em abandonar o projeto original? A não ser porque dispensa nova licitação. Justificam tudo com a Olimpíada, mas uma cidade boa para a Olimpíada tem que ser boa para a população. Já começamos a primeira prova: corrida do dinheiro público sem barreiras.

Mesmo com exposições contrárias dos participantes, o secretário Régis Fichtner não esboçou nenhuma intenção de reformular a proposta apresentada pelo governo.

Para o vereador Eliomar Coelho, um projeto, para ser sério, tem que ter um estudo de três viabilidades: econômica, técnica e social. Do contrário, não se propõem a atender os anseios da população (veja depoimento).

– Eu sou contra a judicialização da política, mas se não houver mudança do governo, se realmente o martelo já estiver batido, nós vamos à justiça, vamos a Brasília e vamos reverter essa situação.

A prefeitura não enviou representante para a audiência.

Veja depoimento do vereador Eliomar Coelho para o site Meu Rio
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Veja depoimento do deputado estadual Marcelo Freixo para o site Meu Rio
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