“Cá para baixo, na Cidade Maravilhosa, a do samba e do carnaval, a situação não está melhor. A ideia, agora, é rodear as favelas com um muro de cimento armado de três metros de altura. Tivemos o muro de Berlim, temos os muros da Palestina, agora os do Rio. Entretanto, o crime organizado campeia por toda a parte, as cumplicidades verticais e horizontais penetram nos aparelhos de Estado e na sociedade em geral. A corrupção parece imbatível. Que fazer?” – José Saramago.
Corroboro cada palavra do texto acima, do escritor português José Saramago, publicado recentemente em seu blog “O Caderno de Saramago”, sob o título “Raposa do Sol”.
O que fazer diante de uma proposta que é uma aberração, uma segregação lamentável? É um retrocesso na história contemporânea onde o muro de Berlim há muito foi derrubado, onde o paredão com espessura de oito metros de concreto construído em torno da Cisjordânia e de Jerusalém – o muro da Palestina – é chamado de “Muro da vergonha”.
A medida que o Governo do Rio pretende adotar é um absurdo total, que vai na contramão do desenvolvimento da humanidade. Não se resolve o problema do crescimento das favelas cercando seus moradores como se fazia nos tempos medievais. E, naquela época, os muros tinham outro objetivo. Eram uma tentativa tosca de garantir a proteção das cidadelas. E, a julgar pelos fatos, não conseguiram.
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