A cidade maravilhosa, “purgatório da beleza e do caos”, completou 448 anos no dia 1° de março. No entanto, a Baía de Guanabara foi avistada pela primeira vez 63 anos antes, no dia 1° de janeiro de 1502, quando navegadores numa expedição portuguesa a batizaram de Rio de Janeiro. Pensavam tratar-se da foz de um rio caudaloso a exemplo do Rio Tejo, em Lisboa.
A beleza da cidade é inegável. As mudanças por que vem passando nos últimos anos também. Esta semana, o índice FipeZap – um ranking nacional de preços do mercado imobiliário brasileiro – indicou que os cinco bairros com metro quadrado mais caro do país encontram-se na Zona Sul do Rio de Janeiro. A cidade vive tempos de massiva especulação imobiliária.
Copa do Mundo e Olimpíadas abriram uma temporada de obras. Muitas vêm deixando como rastro histórias de remoções arbitrárias. Governo estadual e prefeitura trabalham juntos numa onda de bota-abaixo que já condenou o autódromo Nelson Piquet, o Velódromo da Barra da Tijuca e a original marquise do Maracanã – uma marca registrada. O prédio centenário que abrigou o Museu do Índio, a pista de atletismo Célio de Barros e o Parque Aquático Júlio Delamare resistem com o apoio da sociedade civil.
A cidade viu surgir muitos negócios e empreendimentos, incluindo até a polêmica tentativa de privatização do Maracanã. Propostas questionáveis como o Porto Maravilha, o campo de golfe, na Praia da Reserva, e o projeto de Eike Batista para a Marina da Glória esbarram na resistência de movimentos sociais.
Será que o presente de grego que a cidade ganhará em seu aniversário será ver parte do Parque do Flamengo – área tombada e non aedificandi – ser ocupado por um prédio, shopping e um centro de convenções – projeto que prevê construção em área de 20 mil metros quadrados, cinco vezes maior do que a prevista no plano original do parque? Prevalecerá o desejo do empresário Eike Batista?
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