Marcelo Pimentel Lins
“O new Maracanã me lembrou aquelas histórias de gente submetida a lobotomia. Parece muito, mas não tem nada a ver com a pessoa que você conhecia.
Olhando para a estrutura era como reencontrar um velho conhecido , mas sem os traços característicos de personalidade. Tudo bem higienizado, desde o entorno. Já lá dentro…tudo muito numerado, stewards em profusão no estilo Premier League.
Arquitetonicamente, as maiores diferenças para o original são rampas auxiliares , saindo daquela rampona da entrada e já encaminhando para mais perto do seu assento, e o pé direito mais alto depois que trocaram a antiga marquise de concreto pela nova de lona tensionada.
O fim da divisão entre arquiba e cadeira, a abolição do fosso ( já tinha rolado em reforma anterior isso junto com a morte da geral ) e a redução das medidas do campo, contribuem para a impressão de que o estádio ficou menor e isso não é necessariamente ruim.
Mas é de fato outra coisa. Os acabamentos dos banheiros deixam a desejar e os preços dos bares são piada de péssimo gosto. Bem como os comes e bebes em oferta. Mate a 8 pratas a garrafinha, água a R$7 e biscoito grrobo a R$5 reales..
Tirante a frieza esperada de um amistoso envolvendo a seleção filipesca e parreiristica, fiquei com a sensação de que seria fundamental injetar generosas doses de alegria, tristeza e catarse pública pra tentar reconstruir um mínimo que fosse da alma do lugar. Mas não alimento maiores esperanças. Maracanã é página escrita e virada. Quem ficou órfão dele que cuide bem das suas lembranças.”
Marcelo Pimentel Lins é jornalista e “orfão” do Maracanã
Pingback: Vistoria no Engenhão | Eliomar Coelho - PSOL - O vereador do Rio