O movimento Ocupa Rio completou um mês na Cinelândia. Os participantes não cogitam suspender acampamento. Na última terça-feira (22/11), eles fizeram um ato público, em frente a Alerj, para cobrar, da prefeitura, abrigos limpos e tratamento humano à população de rua. No mesmo horário, na Assembléia Legislativa, aconteceu uma audiência pública para discutir o recolhimento compulsório de moradores de rua.
O movimento Ocupa Rio foi inspirado no Occupy Wall Street que, semana passada, foi despejado da Praça Zucotti, em Nova York, em violenta ação repressora conduzida pela polícia americana. O slogan dos engajados no Occupy é “Nós somos os 99%”. Eles denunciam as instituições financeiras e lutam contra o capitalismo selvagem responsável por reter, nas mãos de 1% da população, 40% da riqueza mundial.
A Guarda Municipal já fez investidas contra o Ocupa Rio mas o alvo era a população de rua que foi acolhida pelos manifestantes e representa 10% das atuais 70 pessoas remanescentes na praça. Alguns estão aprendendo a ler com grupos de trabalho do Ocupa.
– Aqui somos todos moradores de rua – afirmou o estudante Jason Costa, 26 anos, que está acampado desde o dia 22 de outubro.
Segundo o psicólogo argentino Paz Berti, 22 anos, que está no Ocupa desde o começo, a debandada se explica porque o compromisso da sociedade é “mínimo” e não há tolerância entre as pessoas. Para ele, a pluralidade é algo “lindo” mas para a maioria isso é um problema. Já Mateus Garcia, estudante de 14 anos, observou que a Internet atraiu muitos curiosos que passaram pelo acampamento mas não permaneceram.
– O Ocupa é um MST na selva de pedra. Vamos expandir – afirma Mateus, ainda animado.
O movimento está nas redes sociais e mantém uma agenda de atividades que inclui aulas diárias de alfabetização, debates e palestras. No dia 24/11 (quinta-feira), às 19h, haverá o debate “Saúde Mental, o uso de drogas e a rua”, na Cinelândia. O grupo Harmonia Enlouquece (formado por usuários e profissionais da saúde mental, que se reúne na UFRJ) animará a discussão, que será coordenada por Emerson Merhy e Paula Cerqueira.
Outra ação dos manifestantes é promover o acesso. Na semana passada, um grupo visitou o Centro Cultural Justiça Federal. Boa parte das pessoas nunca havia ousado entrar num museu ou galeria. Esta semana, está programada uma visita ao CCBB.