Vamos dar créditos a quem merece. Se hoje a Praça São Salvador, em Laranjeiras, é um espaço público revitalizado e reconhecido como lugar aprazível, parte da responsabilidade cabe a um grupo de cerca de 20 músicos da Escola Portátil de Música, que, em 2007, decidiu fazer uma roda de choro ali. Moradores do bairro, eles queriam aproveitar as manhãs de domingo para ensaiar. E divulgar o choro…
O que era um encontro informal ganhou status de programa, que se completa com uma feirinha de artesanato, com a devida licença para funcionar. O choro “Arruma o Coreto”, hoje, tem público cativo que inclui moradores e quem gosta de boa música de graça. E esta ocupação gerou “filhotes”. O “Bagunça o meu Coreto”, bloco de carnaval de moradores do bairro, faz uma animada roda de samba, nas tardes de sábado, que se reveza com outra, o “Batuque no Coreto”.
Se os eventos cresceram, é porque caíram no gosto de quem mora em Laranjeiras e nos arredores. Mas, certamente, tanto o choro quanto as rodas de samba são atividades do bairro que, pelo sucesso e qualidade, ultrapassaram seu limite e ganharam adeptos de outros bairros. Não consideraria correto dizer que são forasteiros que lotam a praça. E sei que entre os aficionados muitos se regozijam por contar com bom divertimento ao pé de casa.
Desnecessário afirmar que ninguém gosta de bagunça, barulho, sujeira, desordem ou invasão. Nem quem mora no bairro, e sente ameaçada a paz do fim de semana. Muito menos os organizadores, que, gosto de frisar, são moradores.
Motivada por reclamações, a prefeitura chegou a aplicar o Choque de Ordem e suspender as atividades da Praça São Salvador. Os próprios organizadores querem encontrar uma solução pacífica e buscam driblar o radicalismo. Estão abertos à negociação, dispostos a realizar eventos quinzenais, cobrar, à risca, a Lei do Silêncio. Depois de ganharem público pela simples atitude de tocar por prazer, e divertir o povo, eles não querem abrir mão de uma conquista improvisada e genuína.
Será que prefeito e subprefeito não são capazes de selar um acordo democrático que agrade aos adeptos do choro e do samba e aos moradores que se sentem incomodados?
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