Mudança de gabarito que resultará em paredão de edifícios no Cais do Porto, urbanização que não atende aos moradores do Morro da Providência, remoções desnecessárias, nenhuma área destinada à construção de moradias populares. Estas foram algumas das críticas apontadas no debate sobre Zona Portuária e São Cristóvão dentro do ciclo de debates “Propostas Alternativas para a Cidade” organizado por Eliomar Coelho, na quarta-feira (29/08) no Sindicato dos Engenheiros.
O debate teve a participação dos professores Cristóvão Duarte e eliomar-debate-porto-sidneyAlexandre Pessoa, professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ e de Sidney Ferreira, liderança do Morro da Providência e integrante do Fórum Comunitário do Porto (com Eliomar na foto ao lado). Diretores da Associações de Moradores e Amigos de São Cristóvão e do Cosme Velho também participaram.
Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Cristóvão Duarte, apresentou um histórico das transformações ocorridas na Zona do Cais do Porto. Ele criticou a falta de planejamento do projeto Porto Maravilha que permitirá a construção de espigões e preve a demolição da Perimetral. Duarte lembrou da movimento de resistência contra a verticalização na região, na década de 80, que teve apoio da OAB e IAB.
“Tenho certeza que as obras estão sendo feitas na frente dos projetos. Não existe cronograma físico-financeiro. O projeto do Porto Maravilha foi discutido, votado e aprovado em tempo recorde, na Câmara. Quem define a políica de habitação na cidade são as empreiteiras”, afirmou Eliomar.
Cristóvão Duarte (na foto ao lado) apresentou o projeto Nova Perimetral, elaborado pelos alunos SérgioCurriça, Vitor eliomar-cristovao-portoDamasceno e Pedro Toledo, da FAU, que propõe o aproveitamento da viaduto para implantação de um monotrilho. As alunas Bárbara Targino, Frances Sansão, Lara Peccini e Marina Issa apresentaram projeto de revitalização para Rua Figueira de Melo, em São Cristóvão que propõe a construção de estações e instalação de VLT no viaduto sobre a via que seria transformada em rua de pedestre.
Mestre em Urbanismo, Juliana Soares Canedo, expôs dados sobre sua tese “Intervenções Urbanas em Favelas – O arquiteto na processo coletivo de construção e transformação das cidades”. A pesquisadora acompanhou o projeto de urbanização no Morro da Providência. Ela questionou a construção do Teleférico no lugar de tradicional área de lazer e a necessidade de remoção de quase metade dos moradores, que é refutada em contralaudo de engenheiros.
“Se fosse para beneficiar os moradores, a estação do Teleférico seria no Cruzeiro, que fica no alto do morro. Nada do que foi prometido pela prefeitura está acontecendo. Nem houve discussão sobre o projeto com a comunidade. O (projeto) Morar Carioca é uma limpeza social”, afirmou Sidney, denunciando o valor irrisório das indenizações e a atraso no pagamento do aluguel social para as famílias removidas.