Em meio a polêmica deflagrada pelo movimento negro que se manifestou contra o desenho de Monteiro Lobato abraçado a uma mulata, do bloco “Que Merda é Essa”, ressurge a discussão sobre se Lobato é racista. E, a reboque, sobre racismo no Brasil.
Para além das conclusões, aproveito o tema para mencionar o recente estudo elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, o Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil”. O relatório aponta que morrem, no país, 67,1% mais negros do que brancos. A taxa de homícidio entre negros é mais que o dobro da verificada entre brancos. Na Paraíba, por exemplo, o risco de morte violenta para jovens negros é 1.189% maior do que para os jovens brancos.
Outro relatório indica a desigualdade entre negros e brancos também no setor da Saúde. Um estudo da UFRJ, do economista e pesquisador Marcelo Paixão, mostra que os negros e pardos têm menos acessos ao SUS (Sistema Único de Saúde). Um exemplo: o número de mães negras e pardas que passam por exames pré-natal é 28,6% inferior ao de mães de filhos brancos.
Ironicamente, os negros e pardos respondem por 55% dos antendimentos do SUS mas não se sentem bem acolhidos pelo sistema. Isso explica a desistência na busca de tratamento por 33,2% dos homens pretos e pardos e 26,1% das mulheres de mesma cor. Marcelo Paixão chegou a estes indicadores cruzando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada, pelo IBGE, em 2008.