O Arco do Teles está localizado na Praça XV (antiga Rua do Carmo) no centro do Rio. Foi construído em 1743, fazendo parte do casario (conjunto de casas) do juiz de órfãos português Antônio Telles Barreto de Menezes, e liga a Praça XV à Travessa do Comércio, chegando até a Rua do Ouvidor. Na primeira metade do século XX, a cantora e atriz Carmem Miranda, antes do sucesso, morou com a família no local, que é considerado um marco arquitetônico na história da cidade.
Em 1738, ou seja, cinco anos antes, teve início a construção da Casa dos Governadores (Paço Imperial) no Largo do Paço (atual Praça XV), a mando do governador Gomes Freire, Conde de Bobadela. Com o fim das obras em 1743, o local ficou muito valorizado, despertando o interesse de Telles de Menezes que compra terrenos para construir um casario e alugar as casas para comerciantes e gente endinheirada.
Tanto o Arco dos Teles como o Paço Imperial foram projetados e construídos pelo engenheiro militar português, brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim (Viana do Castelo, Portugal1700-1765, Rio de Janeiro). José Alpoim também foi responsável pela reforma do Aqueduto da Carioca, do Convento da Ajuda e do claustro do Mosteiro de São Bento, entre outras.
Quando a obra chegou à travessa do Mercado do Peixe, Alpoim se deparou com um obstáculo. Para transpô-lo, traçou um amplo arco sobre ela, para que a via dos mercadores não ficasse obstruída pela nova construção, daí surgindo o nome pelo qual o local passou a ser conhecido: Arco do Teles (ou do Telles, de acordo com a placa abaixo). Os prédios foram alugados, e os térreos foram ocupados por lojistas de secos e molhados; a casa maior, com o arco, abrigou o Senado da Câmara (que hoje equivale à Câmara dos Vereadores).
Um incêndio em julho de 1790 (ver na imagem abaixo) atingiu o arquivo do Senado, que funcionava no segundo andar – nessa época, a família Teles de Menezes não morava mais lá. O incêndio deixou muitos feridos e duas pessoas mortas. Depois disso, a região entrou em longo período de decadência, mas resistiu a onde de demolições provocada pela era “modernista” do início do século XX.
Meio escondido numa parte do Centro do Histórico do Rio, depois de entrar pelo Arco do Teles, caminha-se pela Travessa do Comércio, dando para algumas vielas com construções históricas. Exclusivo para pedestres, o local, desde 1980 vem se reinventando, com novos restaurantes e bares funcionando nos antigos casarões, que ainda servem de cenário para gravação de série de TV ambientadas nos anos 50.
Curiosidades: Antes do sucesso, a jovem Carmem Miranda morou em uma casa na Travessa do Comércio. Entre 1925 e 1932, Carmem morou com a família no local, onde sua mãe tinha uma pensão de refeições, servida para quem trabalhava no centro da cidade. No local, funciona um restaurante. Seu pai também manteve uma barbearia próxima onde moravam.
Outros personagens famosos que frequentaram o local são o bandido Olho de Gato, o mendigo “Filósofo do Cais” e a feiticeira Bárbara dos Prazeres.