Recomendo leitura do artigo “Fui, vi e gostei”, da advogada Flávia Parente, publicado na edição dominical do jornal O Globo.
“Recentemente, recebi dois e-mails: um tentando impedir o fechamento do Instituto Benjamin Constant, e outro defendendo a inclusão de alunos com “necessidades educativas especiais” na rede regular de ensino.
Estabelecido o dilema, resolvi fazer uma visita ao Instituto.
De acordo com a legislação que rege a educação brasileira, todos os seus alunos estudam natérias que integram o currículo de qualquer outra escola, mas, além de serem acrescidas disciplinas específicas que desenvolvem melhor as pessoas cegas e de baixa visão, a maneira de lhes ensinar é diferente, e aí está o x da questão: o IBC oferece materiais e professores especializados.
O Instituto não é apenas um colégio para deficientes visuais, mas é também um polo de produção de material didático, um campo de constante pesquisa e experimento – é, enfim, um centro de metodologia e desenvolvimento de técnicas que proporcionam a verdadeira “inserção” dessas pessoas especiais.
Pergunto à minha anfitriã sobre a questão da inclusão, e ela responde: “Ninguém gosta de ser excluído, mas nós queremos a inclusão ‘de fato’, não somente ‘de direito’. ” E explica: “Matricular não é incluir!” O que não se admite é a “matrícula de cadeira”, que é aquela que só serve para estatísticas, mas que não reflete a realidade.
Inclusão? Filosoficamente, o discurso pode ser perfeito; contudo, é preciso que haja inclusão concreta e responsável. Isso significa que o MEC teria que preparar professores aptos a ensinar deficientes visuais e auditivos (sim, o MEC também quer “fechar” o Ines – Instituto Nacional de Educação de Surdos!) no Brasil inteiro antes que tais crianças passem a frequentar as escolas regulares.
Ora, se o MEC pretende desprezar 157 anos de uma experiência bem-sucedida e fechar um dos ícones da educação especial no país, que apresente uma proposta melhor!
Como pretender alfabetizar deficientes visuais ou auditivos se existem milhares de analfabetos funcionais em nosso país?
Pergunta-se: os pais das crianças deficientes visuais que estudam no IBC foram consultados? Por que não lhes é dado o direito de escolher em qual escola eles querem que seus filhos estudem? Opção também é um indicador de cidadania, também é um direito.
Na realidade, o que todos os pais querem é que seus filhos tenham acesso à boa educação.
Se nas escolas “comuns”, as crianças deficientes visuais tiverem ao alcance ferramentas apropriadas e puderem aprender a vencer obstáculos como fator de crescimento, adquirir confiança, construir sua autonomia e fortalecer sua autoestima, poderá haver “de fato” uma inclusão. Enquanto isso, vida longa ao Instituto Benjamin Constant! Se você tem dúvidas, faça como eu, vá ao IBC e veja com seus próprios olhos!