Não foram poucos os alunos prejudicados pela violência. A prefeitura estima que 100.267 alunos da rede municipal, este ano, deixaram de frequentar a escola pelo menos uma vez. O mesmo aconteceu com 26% das crianças atendidas por creches. O motivo: tiroteio entre facções rivais do tráfico ou incursões policiais. Uma mega operação em Senador Camará, realizada no dia 4 de fevereiro, prejudicou alunos de 10 escolas municipais que tiveram o início do ano letivo adiado.
Mas os professores da rede não lamentam apenas os confrontos envolvendo traficantes e policiais que interferem no cotidiano das escolas. Eles convivem também com a violência dentro da escola. Não são raros casos de alunos perdidos para o tráfico, incluindo estudantes talentosos. Por trás de atos de depredação, agressões à funcionários e ameaças à integridade física da comunidade escolar, estão, muitas vezes, ex-alunos que passam a ser considerados delinquentes ou elementos suspeitos pela escola.
A pressão do tráfico e a invasão do espaço da escola para práticas ilícitas se evidencia quando se constata o consumo de álcool e de drogas entre os alunos – muitos dos quais engrossarão as estatísticas de abandono dos estudos. Equipar professores e diretores para enfrentar este problema certamente resultará na diminuição dos índices de evasão, aumentando as chances de uma real inclusão social.
Esse é um dos objetivos do Programa Interdisciplinar de Participação Comunitária para a Prevenção e Combate à Violência nas Escolas da rede municipal – proposta de meu mandato que virou lei há dois anos e nunca foi adotada pela Secretaria Municipal de Educação.
A partir da criação de grupos de trabalhos interdisciplinares, as escolas terão um instrumento para prevenir a violência nas escolas. De acordo com a lei, o programa será coordenado por um Núcleo Central formado por técnicos das secretarias de Educação, Saúde, Assistência Social, das Culturas e Esporte e Lazer, representantes dos Conselhos Municipais de Educação e de Saúde e membros da Promotoria da Infância e da Juventude e de associações de moradores.
A despeito de conviver com baixos salários, turmas superlotadas, prédios em péssimas condições de funcionamento, os professores têm um compromisso com a qualidade de ensino. Eles precisam também estar preparados para lidar com a realidade social e ter capacidade de auxiliar seus alunos na vida fora da sala de aula.