Ninguém melhor do que os próprios usuários para denunciar a baixa qualidade dos serviços prestados pela concessionária Supervia – empresa espanhola que assumiu a operação do sistema de transporte ferroviário no Estado do Rio em 1998 quando a Flumitrens foi privatizada.
Selecionei trechos de comentários postados no jornal O Dia Online, depois do incidente das chibatadas na estação de Madureira, quando quatro seguranças agrediram passageiros dentro de uma das composições. As reclamações servem como (péssimos) exemplos do que vem ocorrendo no dia a dia dos trens.
“Além dos agentes despreparados, que tentam fechar as portas na marra, empurrando, dando socos, chicotadas e outras coisas mais, ainda convivemos com trens muito ruins. O ar condicionado não funciona, os trens não tem balaustres para segurar, são barulhentos, velhos, superlotados, desconfortáveis e com horários incertos. Parece que eles estão transportando animais, não têm respeito nenhum pelos passageiros”.
Léo Magno
“O que a SuperVia faz com seus clientes é desumano, Já ouvi vários técnicos avisando para os maquinistas que o trem não tinha jeito e que era para dar partida assim mesmo, sem freio e demais peças danificadas”.
Andreza Lobão
“A SuperVia, com certeza, não investe em treinamento e qualificação de seus funcionários, o que poderia melhorar a qualidade do serviço. Será que vai ser preciso um grande acidente para as autoridades tomarem a devida providência?. Hilário Jardim
Em São Paulo, os trens levam o triplo de passageiros com uma frota 31% menor que a do Rio de Janeiro. Aqui, o sistema atende a 500 mil pessoas por dia, um patamar muito distante da meta de 1 milhão de passageiros que a Supervia anuncia para 2015. Especialistas, no entanto, não conjugam do mesmo otimismo e asseguram que a empresa precisa renovar a frota e a sinalização, além de melhorar a operação e reformar as estações para voltar a ter a demanda registrada nos anos 80.
A Supervia sequer conseguiu cumprir a meta estabelecida em 98: reduzir os intervalos para cinco minutos até 2001. Enquanto os paulistas esperam seis minutos para embarcar nos trens, aqui as estações ficam lotadas nos horários de pico quando o intervalo pode ultrapassar 15 minutos. E os trens chegam abarrotados (veja vídeo do You Tube). Das 159 composições em circulação, apenas 20 são modernas, com ar condicionado. Ano passado, a própria empresa estimou um índice de falhas na ordem de 5,1 por dia. Em 2007, um grave acidente matou 8 passageiros e deixou 101 feridos
Não bastasse os maus tratos, a Supervia cobra caro. Quando tornou-se concessionária, o preço da tarifa era R$ 0,60 e o trem um transporte de massa voltado para a população desfavorecida. De lá para cá, o reajuste acumulado foi de mais 220% contra uma inflação de 142%. O usuário paga pelo bilhete simples 2,45 enquanto as integrações trem-ônibus e trem-Metrô custam, respectivamente, R$ 3,25 e R$ 3,80, no município. Um valor de transporte de primeiro mundo com um serviço de terceira.
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