O auditório do Clube de Engenharia lotou na noite de ontem (05/08) quando militantes de vários movimentos e trabalhadores atenderam à convocação para a plenária popular de mobilização para a CPI, liderada pelo movimento O Rio quer: CPI dos Ônibus. Será na próxima terça-feira (13/08), às 10h, no Salão Nobre da Câmara Municipal, a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito – que foi requerida pelo vereador Eliomar Coelho (PSOL). O coletivo Mídia Ninja transmitiu a reunião ao vivo.
“Esta CPI tem muita responsabilidade. Todos os transportes desta cidade são um desastre. Bastava o trem funcionar para não termos a metade dos problemas. Seria a solução para a Zona Oeste”, observou Marcia Vera, da FAM Rio (Federação das Associações de Moradores) que compôs a mesa da plenária ao lado do assessor do vereador Eliomar Coelho, o geógrafo Jorge Luis Borges, que acompanhará os trabalhos da CPI, e de Mariana Santarelli, do movimento #ocupaonibus, que espalha e estimula intervenções criativas nos coletivos, fotografadas e viralizadas nas redes sociais.
O consenso entre os militantes de movimentos que participaram da plenária é que a mobilização da sociedade é fundamental para a CPI não acabar em pizza.
“Temos uma meta pragmática: Eliomar Coelho tem que ser o presidente da CPI. Se os outros quatro membros serão vereadores que não assinaram o requerimento e não tem interesse que a CPI dê certo, o único em que confio, que fará uma devassa nas contas e será pró-ativo, é Eliomar”, defendeu Bernardo Ainbinder, do Rio quer: CPI dos Ônibus.
Eliomar Coelho adiantou que pretende brigar, na quinta-feira, para ser escolhido o presidente da CPI. A tradição no Legislativo é que o parlamentar requerente presida a comissão que solicitou instalar.
“O poder pilar burguês das empresas de ônibus, das empreiteiras e dos atacadistas do comércio forma uma hegemonia da dominação que consegue controlar os parlamentares. Só mesmo com muita pressão para a CPI funcionar”, afirmou o deputado federal Chico Alencar.
De acordo com Jorge Luis Borges, a investigação da CPI será apoiada em três eixos: questionar a razoabilidade do modelo de transporte adotado na licitação realizada pela prefeitura em 2010, levantar informações sobre os fluxos financeiros, e averiguar o padrão de atendimento e fiscalização.
“A prefeitura transferiu R$ 50 milhões para a Rio Ônibus em convênio com a justificativa de custear os validadores nas escolas. Está cobrindo o sistema de gratuidade das passagens que deveria ser computado no custo das empresas?”questiona Jorge.
Outro questão a ser averiguada é se as multas impostas pela fiscalização pelo serviço 1746 são virtuais e porque até agora as empresas não oferecem GPS, uma das exigências impostas na licitação.
Participaram da plenária os parlamentares Paulo Pinheiro e Renato Cinco, que formam a bancada do PSOL no Legislativo.