Notícias

8 motivos para não usar a Educação à distância (EAD) como alternativa à Educação presencial

Via Campanha Nacional pelo Direito à Educação

1- Falta discutir a proposta e ouvir as redes. Muitas escolas, sobretudo públicas, não possuem infraestrutura para essa modalidade, não dispõem de plataformas e AVAs, professores e professoras com formação adequada para trabalhar com a modalidade, não estando, assim como os estudantes, aptos para essa alternativa.

2 – É preciso considerar os excluídos digitais. Apenas 42% das casas tem computador e em casas com renda familiar abaixo de 2 salários mínimos esse percentual reduz ainda mais. De forma similar, o acesso à internet também é desigual, principalmente na área rural. Dados da pesquisa TIC Domicílios 2018, do Cetic (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação).

3 – EaD é inviável e ilegal para a Educação Infantil. Para saber mais sobre isso, leia os posicionamentos públicos da Undime Nacional (https://bit.ly/2xqE2k6) e da Rede Nacional Primeira Infância (https://bit.ly/2UiOtiM) sobre o tema.

4 – EaD não é adequada para o Ensino Fundamental, pois a criança ainda precisa desenvolver autonomia, capacidade de concentração e autodisciplina que a modalidade requer.

5 – EaD não é uma realidade para o Ensino Médio. Exigindo uma estrutura complexa de adaptação, com participação, adequação pedagógica, condições de apoio ao ensino-aprendizagem, fora as problemáticas sociais de exclusão e desigualdades de acesso a infraestrutura adequada.

6 – EaD traz complexidades para gestão das redes. Institui diferentes formas de funcionamento de unidades de ensino dentro de uma mesma rede, que passaria a ter vários calendários, dificultando a gestão da rede e as ações de formação, acompanhamento e avaliação de suas unidades.

7 – Há recuos até no Ensino Superior. Algumas universidades que tinham sinalizado lançar mão dessa estratégia para todos seus alunos estão abandonando a alternativa face a dificuldades encontradas e relatadas pelos próprios estudantes.

8 – Há o oportunismo das empresas de tecnologia e de comunicação e o risco de apropriação de dados e privatização. Segundo a Iniciativa Educação Aberta, a gratuidade de aulas online, por exemplo, costuma esconder modelos de negócio em que o lucro das empresas vem da exploração dos dados de seus usuários para, com isso, ofertar produtos e serviços, o que é chamado de “capitalismo de vigilância”.

EaD é uma modalidade educativa que requer planejamento, recursos técnicos e tecnológicos, formação profissional, modelo híbrido de oferta, de modo a se adequar a realidade dos sujeitos, não é adequada para a educação básica como um todo, e muito menos é um tapa-buraco da modalidade presencial. É um equívoco pensar que se faz EaD com transposição das aulas para um ambiente virtual, ou transformar Ambientes Virtuais de Aprendizagem-AVA em repositórios de textos e vídeos, para que as escolas e redes estejam em dia com seu dever de educar.

Embora existam dispositivos legais para a oferta de Educação a Distância em alguns níveis de ensino (Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017), ela é considerada “complementar” ou “emergencial” no Ensino Fundamental (§ 4o do art. 32 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) e na forma de convênios para cumprir exigências curriculares no Ensino Médio ( § 11 do art. 36 da Lei nº 9.394, de 1996). Na Educação Infantil, a EaD é inviável e ilegal.

Por essas razões, a EaD na educação básica e em substituição às aulas é um equívoco em muitas dimensões.

*

Essas informações foram retiradas dos Guias COVID-19: Educação e Proteção da Criança e do Adolescente, produzidos pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação e pela plataforma Cada Criança.

Leia o GUIA 1 direcionado a comunidade escolar, família e profissionais da educação e proteção da criança e do adolescente: https://media.campanha.org.br/…/do…/COVID-19_Guia1_FINAL.pdf

E também o GUIA 2, direcionado para tomadores de decisão do poder público em todas as esferas federativas: https://media.campanha.org.br/…/do…/COVID-19_Guia2_FINAL.pdf

*

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação trabalha há 20 anos para transformar a educação pública brasileira e garantir escolas de qualidade para milhões de estudantes. Colabore com a Campanha:

https://direitoaeducacao.colabore.org/lutepelaeducacao/…/new

Esta notícia está também no Facebook do Eliomar

This entry was posted in cidadania, Cultura, Direitos Humanos, Educação, Leis e Projetos, Notícias, Saúde, Servidores. Bookmark the permalink.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *