O prefeito Eduardo Paes, numa de suas declarações à imprensa, afirmou que a cidade não está preparada para enfrentar as chuvas. Isto é um fato, mas faltou esclarecer de quem é a responsabilidade por esse despreparo. Ao longo de toda a minha vida parlamentar tenho alertado em meus discursos na Câmara de Vereadores sobre a forma irresponsável como são dadas as autorizações para novas construções no município do Rio de Janeiro. O bairro de Botafogo é um exemplo: em ruas onde há 50 anos só havia casas, hoje há condomínios de mais de 18 pavimentos. Mas as redes de água e esgoto permanecem basicamente as mesmas, não houve ampliação da sua infraestrutura.
De acordo com a legislação, as construtoras deveriam ter, antes de começar a obra, um certificado de possibilidade de abastecimento de água e esgotamento sanitário fornecido pela CEDAE. No entanto, isso tem sido levianamente ignorado por décadas, e agora podemos ver as consequências: as águas não têm por onde escoar. O Plano Diretor é também um importante instrumento de planejamento neste sentido, já que prevê que regiões da cidade podem ser adensadas e quais não podem mais crescer.
Infelizmente, o projeto de revisão do Plano Diretor hoje em tramitação na Câmara permite o adensamento de áreas já sobrecarregadas, sem considerar os riscos que isso representa. Que a tragédia dos últimos dias sirva de alerta para a necessidade de se preparar a cidade para as intempéries da natureza, planejando o seu desenvolvimento com responsabilidade.
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