O Brasil atingiu, em 2016, a triste marca de 61.619 mortes violentas intencionais, registrando um aumento de 3,8% em relação ao já elevado número do ano anterior, de acordo com o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Sete pessoas foram mortas por hora no país no ano passado!
Enquanto isso, temos o vergonhoso índice de cerca de 6% de elucidação de homicídios no Brasil. No Estado do Rio de Janeiro, 96% dos inquéritos encerrados até 2007 foram para os arquivos da Justiça, sem que os autores desses homicídios fossem identificados e responsabilizados criminalmente. Por outro lado, dos quase 25 mil jovens em conflito com a lei presos no Rio, 44,4% cumprem medida socioeducativa por roubo e 24% por tráfico de entorpecentes.
Como se não bastassem esses números lamentáveis, o relatório do FBSP informa que, em 2016, 4.224 pessoas foram mortas pelo próprio Estado, por meio de suas forças policiais, o que representa um aumento de 25,8% em relação a 2015. O perfil de quem mais morre em decorrência de intervenções policiais é conhecido: são jovens (81,8%), negros (76,2%) do sexo masculino (99,3%). O número de policiais civis e militares mortos também cresceu, chegando a 437, dos quais 56% são negros.
No Rio, sob a justificativa da falsa “guerra às drogas”, o Estado realiza operações em favelas cotidianamente, aprofundando a barbárie: no ano passado, 925 pessoas mortas foram por policiais e 132 policiais foram mortos.
Lamentáveis e inadmissíveis, esses dados reforçam claramente a importância de debatermos com a devida seriedade a fracassada política de drogas, além de combatermos a criminalização da pobreza, as desigualdades sociais e o racismo, tão arraigados na nossa sociedade.
Em vez disso, há setores empenhados em facilitar o porte de armas de fogo e em armar as guardas municipais, na contramão das diretrizes internacionais de direitos humanos, que recomendam o combate às armas de fogo e a desmilitarização das forças policiais para reduzir a violência.
Enquanto não tivermos uma sociedade menos desigual, na qual o Estado ofereça oportunidades reais para a juventude pobre e periférica que hoje superlota as prisões e os cemitérios, os tristes números revelados pelo FBSP não serão reduzidos.
Precisamos nos concentrar na luta pela igualdade de oportunidades e em defesa da Educação pública de qualidade para transformar essa realidade.
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