Guaratiba: de pólo pesqueiro a reserva de terras para especulação

Os bairros da região de Guaratiba, às margens da Baía de Sepetiba, têm uma bela história na Zona Oeste do Rio. Seus primeiros ocupantes formaram antigos quilombos e, já no século XX, colônias de pescadores abasteciam toda a região com pescados muito valorizados.

Ainda hoje, remanescentes de restaurantes especializados em frutos do mar podem ser encontrados ao longo das principais vias e nos centros de bairros como Pedra de Guaratiba e Guaratiba.

Por muito tempo, a região foi um refúgio da vida silvestre, com um pujante manguezal integrado aos pequenos contrafortes do maciço da Pedra Branca que se projetam sobre a área, formando belas paisagens e distribuindo ar puro e qualidade de vida para quem vivia e construía esses lugares.

Mas nos últimos anos, as agruras do progresso vêm chegando com força. Instalações industriais ao longo da área do Porto inviabilizaram a pesca artesanal. Quase 8.000 famílias perderam seu sustento com a pesca, desde a instalação da TKCSA, em Santa Cruz, por exemplo. A carestia de equipamentos e insumos, somados à degradação galopante dos habitats, diminuíram a pesca e a produção, mesmo para os mais resistentes, também decaiu.

Grandes projetos, tais como o corredor Transoeste e o Campus Fidei, rasgam os bairros e, além de provocar mais desmatamentos diretos, abrem a oportunidade para a especulação imobiliária nas enormes glebas pertencentes a velhos grileiros da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes.

A reforma da mobilidade só criou ainda mais dificuldades. Falta de acessos aos bairros na Transoeste, redução das linhas de ônibus locais e o ataque permanente ao transporte informal tornaram a vida dos moradores ainda mais difícil.

Mas o charme desses bairros resiste e a esperança de que tempos melhores virão nos mantêm ativos na luta pela preservação ambiental, histórica e cultural da velha Guaratiba!

                                                     Foto Thomaz Farkas de 1940. Acervo IMS.

Pescadores em Guaratiba.

 

 

 

 

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