O pastor Silas Malafaia, principal liderança do fundamentalismo homofóbico brasileiro, acusou o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), através das redes sociais, de “pressionar seu partido para não deixar um pastor ser candidato”. Não nos surpreende a desonestidade intelectual de Malafaia, mas é preciso esclarecer a situação:
1- As decisões sobre candidaturas, no PSOL, são tomadas coletivamente, através das instâncias democráticas de representação eleitas pelos filiados. Nem o deputado Jean Wyllys nem qualquer outro parlamentar decidem quem pode ou não ser candidato: a decisão cabe ao diretório e à convenção partidária.
2- Não existe qualquer questionamento do deputado Jean Wyllys com relação à possibilidade de que “um pastor” seja candidato. De fato, na última eleição municipal, em 2012, os pastores Mozart Noronha, no Rio de Janeiro, e Henrique Vieira, em Niterói, foram candidatos a vereadores. Henrique foi eleito e seu mandato de luta muito nos orgulha, e ele é parceiro do mandato do Jean em diversos projetos e intervenções.
3- No PSOL não há lugar para a intolerância religiosa e o partido tem filiados, militantes, dirigentes, parlamentares e pré-candidatos de diferentes religiões, assim como ateus. Mas também não há lugar para a homofobia, o racismo, o machismo, a misoginia, a xenofobia e outras formas de ódio e preconceito às quais alguns que usam o nome de Deus estão tão acostumados.
4- No caso de Jefferson Barros, mencionado numa reportagem da revista Veja (que faz acusações sem ter ouvido as partes envolvidas), o questionamento à postulação dele, que será debatido e decidido nas instâncias partidárias, não é apenas do deputado Jean Wyllys. A militância dos núcleos e setoriais, os demais parlamentares e todas as correntes que integram a chapa majoritária da direção estadual eleita no último congresso com 78% dos votos têm uma opinião comum sobre o caso, de modo que sequer caberá “pressão” alguma.
5- Os motivos do questionamento à pré-candidatura do cidadão Jefferson Barros são vários e não têm nada a ver com a sua religião ou com sua condição de pastor. Tem a ver, sim, com sua participação em marchas homofóbicas organizadas pelo pastor Malafaia com o expresso objetivo de negar os direitos civis da população LGBT. Tem a ver com o histórico de envolvimento de Barros, em eleições anteriores, com campanhas e candidaturas que expressavam exatamente o oposto aos princípios e ao programa do PSOL. Tem a ver com que o PSOL não é um partido de aluguel que possa ser usado por aqueles que a cada eleição mudam de partido, passando da esquerda para a direita e da direita para a esquerda como quem troca de roupa. O PSOL tem programa, tem princípios e tem lado, que é o lado dos oprimidos, e não o dos opressores.
6- Se o cidadão Jefferson Barros não fosse pastor, ou não fosse evangélico, mas continuasse defendendo os valores que ele defende, contrários aos do PSOL, nossa posição seria a mesma. E se, pelo contrário, ele fosse um pastor como Henrique ou como Mozart — pastores comprometidos com os direitos humanos, a igualdade, a fraternidade e as lutas do povo —, ele seria muito bem-vindo.
Rogério Alimandro
Presidente do diretório estadual do PSOL-RJ
Chico Alencar
Deputado federal pelo PSOL-RJ
Marcelo Freixo
Deputado estadual pelo PSOL-RJ
Eliomar Coelho
Vereador pelo PSOL-RJ