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Tragédia no RJ: governo culpa as vítimas

Artigo de Luciana Genro – fundadora e dirigente do PSOL, ex-deputada estadual e federal

“Mais uma vez o Rio de Janeiro é notícia pela tragédia das chuvas que matam. E mais uma vez nos indignamos diante da inépcia das autoridades. Agora, para completar, a Presidente Dilma resolveu culpar as próprias vítimas, pois as pessoas se recusam a sair das áreas de risco!! Como se o governo fizesse a sua parte, liberando as verbas necessárias para prevenção e para construção de casas dignas para esta população! Não, a história é bem diferente.

Estas tragédias com as chuvas já são recorrentes, variando apenas de intensidade e dimensão mas desde Angra dos Reis, em 2009, tem sido assustadores. Desde então as chuvas fazem vítimas em grande quantidade. Em abril de 2010 foram mais de 250 mortes em todo o Rio, 168 mortes só em Niterói, onde o Morro do Bumba deslizou inteiro. Em 2011 foi a vez da região serrana. Ainda no sábado, quando eu voltava de Itaocara, o companheiro Honório Oliveira, morador de Niterói, me relatava que esteve em Teresópolis na ocasião e que foi um dos momentos mais dramáticos da sua vida,tanto pelo cenário de destruição e mortes quanto pelos relatos das pessoas que sobreviveram.O número oficial de 905 mortos e 105 desparecidos está bastante distante da realidade. Em Teresópolis, por exemplo, bairros inteiros foram soterrados, não sobrando viva alma para dar queixa dos desaparecimentos.

Agora em 2013 novamente a história se repete, já são 20 mortos em Petrópolis, sendo que no início do ano, em Xerém, já havia ocorrido uma forte chuva, quando até o cantor Zeca Pagodinho foi socorrer os moradores.

Mas se os episódios são recorrentes, por que não há prevenção? Neste quesito a execução orçamentária do Governo Federal é pífia: em 2012 havia previsão de R$ 13,4 bilhões, mas só 13% deste montante foi executado. Após cada tragédia ouvimos as promessas de liberação de verbas, mas o dinheiro nunca chega em quem precisa pois desencadeia-se um processo de corrupção gigantesco. Acontece uma verdadeira associação criminosa entre prefeitos e prestadores de serviço de todo o tipo, principalmente empreiteiras. Para a região serrana entre 2011 e 2012 foram liberados R$ 540 milhões do governo federal junto com outros R$ 91 milhões que já vinham sendo executados pelo governo do Estado. É muito dinheiro, embora se comparado aos R$ 1 bi utilizado para a reforma do Maracanã, por exemplo, não seja tanto assim. Mas a corrupção não deixou o dinheiro chegar nas pessoas necessitadas, perpetuando a situação de risco destas cidades. Dois prefeitos caíram: Jorge Mário, de Teresópolis, que enriqueceu vertiginosamente após a tragédia e Dermeval, de Friburgo, que também foi deposto.

Agora após a tragédia de Petrópolis os jornais noticiam que R$ 60 milhões destinados a obras de contenção simplesmente estão, desde o ano passado, paralisados, como que aguardando mais mortes. E a Presidente Dilma ainda tem a coragem de insinuar que a culpa é dos moradores, que não saem de suas casas. Tenha santa paciência!!”

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