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Uma chama que não pode apagar

Sou um político de esquerda, com atuação no campo institucional e ao mesmo tempo no campo da resistência. Tenho ouvido que sou um político em fase de extinção. Essa afirmação foi dita em várias ocasiões e por diversas pessoas. Isso me remete a uma reflexão: Que momento é este que estamos vivendo, no nosso país e no mundo, no qual me consideram e a outras e outros companheiros de luta objetos obsoletos?

Com o passar do tempo, nossas práticas foram sendo desgastadas pelos temas apresentados e repetidos, na crença ou quem sabe na utopia. Também por nem sempre alcançarem respostas concretas de solução, exigidas para os problemas vividos pela sociedade. O pior, como resultado dessa situação, é o surgimento de um vazio enorme na política.

Vazio esse que também não conseguimos preencher, pois continuamos acreditando nos nossos princípios em que os protagonistas são cidadãs e cidadãos deste país, acrescentando novos assuntos, tais como os lugares de fala trazidos pelos temas identitários que assumem suas relevâncias na discussão política atual.

Somos do tempo do olho no olho, das discussões acaloradas, da ocupação das ruas. Ficamos aturdidos com a presença dos avatares e dos partidos-algoritmo, que surgem e estão preenchendo o vazio que deixamos, com propostas e ações que dão uma enorme marcha à ré no desejado avanço do atual processo civilizatório.

No bojo de uma propaganda com uso de selfies e de redes sociais, sustentadas por grandes quantias de dinheiro dos bilionários da direita mundial, estão trazendo e apresentando propostas de um novo modo de fazer política, cujo conteúdo não tem nada de novo.

Espalham o medo e incitam o ódio, a violência, a paranoia, disseminando a negação dos princípios e valores democráticos e republicanos. De forma organizada, com discurso intencionalmente dirigido, põem em voga a falação de absurdos, criam uma polarização radicalizada, arrebanham adeptos e dão densidade política para os extremos.

Enquanto isso, nós da esquerda, imobilizados e dispersos, continuamos numa discussão política sem romper com os modelos que nós mesmos reconhecemos como superados para enfrentar as estratégias antiéticas usadas e entrando dessa forma no jogo deles, ajudando na instalação de um perigoso populismo, alternando-se com um autoritarismo, carregado nas tintas fortes e renovadas do puro fascismo.

A saída, que exige inovar e ressignificar nosso espírito criador e subversivo, certamente será a construção coletiva da união no centro, e não nos extremos. O potencial de criação deverá estar voltado para descobertas de ações concretas e exequíveis que, colocadas em prática, apresentarão resultados no recuo e na destruição das ameaças feitas pelo atual governo do país de instalação da necropolítica.

Legado pior não poderíamos deixar para as futuras gerações.

Eliomar Coelho

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